O DESAFIO DE UMA MÃE ATÍPICA

 

    Hoje a entrevista é sobre um assunto que vem sendo muito discutido na nossa  sociedade. Para alguns, são pais que não deram a devida educação aos seus filhos, e para outros é uma luta diária que precisa ser enfrentada, por causa de tanto preconceito.
Infelizmente crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), vem sofrendo por falta de conhecimento da população. Vale ressaltar que o autismo não acarreta características físicas, como muitas pessoas pensam. 

Faça a diferença no mundo! 



MÃE ATÍPICA 

No Instagram, Michele sempre inicia os seus vídeos, dizendo: " Oi, meu nome é Michele Guerreiro Ramos Maciel Abrão, meu nome é grande, assim como a minha vontade de falar sobre o autismo. " 






1) Como é ser mãe atípica ?

Ser mãe atípica é doloroso, porque dói ver meus filhos não se desenvolverem como o esperado, dói ver suas dificuldades que ninguém entende, dói vê-los em crise, dói quando olhares tortos nos encaram, dói vê-los excluídos, dói saber que não estarei aqui por eles  por toda suas vidas.

Ser mãe atípica é edificante, porque aprendi a ser mais humana com qualquer pessoa, mais justa com diversidade, mais paciente diante as dificuldades, resiliente perante desafios e criativa ao resolver um problema. Ser mãe atípica me fez entender que o amar e educar com amor é primordial.

Ser mãe atípica me fez entender que pais são mais frágeis que mães, que avós são nossas guardiãs e que filhos típicos são nossos melhores amigos e grandes parceiros nessa vida.

Ser mãe atípica me fez ver que também sou esposa atípica.

Ser mãe atípica é encontrar outra mãe atípica e se identificar mais com elas do que suas antigas amigas. É abraçar essa outra mãe e sentir pulsar um coração angustiado como o seu em outro corpo. É encontrar uma irmã que a neurodiversidade uniu. É chorar em silêncio entendendo o caminho que cada lágrima fez até desaguar ali.

Ser mãe atípica é ser chamada de guerreira quando vc se sente sobrecarregada, é ser chamada de forte quando se está dilacerada, é ser chamada de escolhida por Deus enquanto vc deseja maternar nem que fosse só por um dia  como uma mãe típica.

Ser mãe atípica é ver beleza no que os outros acham feio, é ver esperança no que muitos acham banal, é comemorar como um troféu um abraço, uma simples palavra dita, um olhar no seu ou um novo aprendizado.

Ser mãe atípica é orar incessantemente em silêncio, é agradecer por ter vencido mais um dia é ter fé no impossível, é receber um milagre em meio a adversidade.


2) Quais foram os seus maiores desafios ?

Meus maiores desafios são preparar meus filhos para o mundo e o mundo para  meus filhos.

3) Como você identificou ?

Quando o Ibrah ainda era um bebê de 2 anos eu percebi alguns atrasos no desenvolvimento e me incomodei com isso. Ao conversar com meu esposo e filha perto do celular o próprio algoritmo começou a me enviar postagens sobre autismo, e aí acendeu a luz de procurar orientação de um neurologista.

4) Sabemos que a sua rotina não é mais a mesma, o que você tem a dizer se a sociedade fosse inclusiva ?

A sociedade deveria olhar para a nossa causa com empatia, comprometimento e respeito. Autismo está por toda parte, mas não é moda, não é frescura e não é castigo divino. A sociedade não está preparada e invalida o Autismo porque ele não tem cara. Deficiência oculta é tratada como mentira, discimulação ou loucura.

5) Foi difícil colocá-los na escola ?

Não foi difícil colocar meus filhos na escola, difícil é mantê-los.

6) Com o acompanhamento de um profissio-nal é possível que a criança consiga se desenvolver aos poucos. Como está o desenvolvimento deles hoje ? 

Meus filhos fazem terapias, eles já trouxeram grandes evoluções, no entanto novos desafios continuam surgindo e assim será para sempre. Portanto a terapia será necessária para sempre também.

7) Você buscou ajuda para lidar com tudo isso?

Eu tenho ajuda psicológica de terapeuta, do yoga, dos vídeos que produzo. Tenho minha rede de apoio na própria família e tenho consciência desse privilégio. E recebo muita ajuda espiritual na igreja, nas orações e de Deus Pai que não desistiu de mim, me resgatou do fundo do poço, continua me capacitando cada vez mais e mais, além de me fortalecer incessantemente na fé. Fé em mim, fé no meus filhos, fé no futuro, fé na humanidade e principalmente fé em Deus!









Comentários

Jaime Portela disse…
Olá Regina
Admiro a superação de pais que têm filhos autistas.
Este caso é digno de ser visto e entendido através deste bem elaborado texto.
Continuação de boa semana.
Beijo.
A Paixão da Isa disse…
passando para desejar um feliz fim de semana obrigada pela sua vesita desejo tudo de bom muita saude bjs
Lucinalva disse…
Bom dia, Regina
Passando por aqui para conhecer o seu blog, gostei muito, postagem interessante, não é fácil ser mãe atípica, mas com a força de Deus elas vencem dia após dia, um forte abraço.
Will Aflagal disse…
Olá Regina. Um assunto pertinente e que precisa ser abordado com toda sociedade. Conscientes do assunto conseguimos lidar de uma maneira mais eficiente com a questão, não nos tornando parte do problema.

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